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Sustentável na prática: vivenciando a "Esperança Ativa"

Gabriela Marcondes - É conosco

Gabriela Marcondes - Arquivo Pessoal

Gabriela Marcondes, que os amigos chamam de Gabi é uma jovem ativista que, formada pela USP, trabalha com gestão ambiental e está cursando a pós em gestão de projetos, além de ser comunicadora de práticas sustentáveis com o sua página @sustentavel.napratica.


Ela contou para o É conosco que cresceu no interior, na cidade de Jaú em São Paulo e que toda sua vivência tinha conexão com a natureza, de subir em árvore, nadar em rio, ajudar ao pai a cuidar da horta, ter uma alimentação sem agrotóxicos, com poucos ultraprocessados e fazer compostagem.


Como nasce uma ativista


Foi ao mudar para a capital, morando em Guarulhos, que começou a entender os problemas sociais e ambientais que também a afetavam e percebeu que tinha esse ativismo dentro de si, e a vontade de levar essa conexão com a natureza para os amigos da escola, para as pessoas com quem tinha contato, as vezes até com desconhecidos.


Já na faculdade, a decisão do curso de gestão ambiental foi muito motivada por conta dessa vivência que contrapôs a vida em cidade pequena com a vida em uma grande metrópole, encarando a sustentabilidade com olhar de ativista, com essa vontade de ampliar e compartilhar o conhecimento sobre as questões ambientais.


Até recentemente, Gabi viveu por mais de um ano em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo e vivenciou bem de perto a tragédia ambiental de fevereiro de 2023, com deslizamentos de terra provocados por um temporal histórico que causou mortes e destruição na região.


Foi muito difícil para mim, como comunicadora, tratar disso. Eu percebi que é mais fácil falar dos problemas quando a gente não está vivendo eles diretamente

Apesar de não estar na área de risco, abrigou pessoas que perderam suas casas e vivenciou a eco ansiedade, preocupada com as pessoas que conheceu, vivendo na cidade.


Gabi conta que se sentiu bastante pressionada para criar conteúdo no Instagram, falando sobre aquele momento, enquanto digeria o que estava acontecendo, a solidariedade e a capacidade de doação da comunidade, a proporção que aquilo tinha tomado.


Esse episódio influenciou seu comportamento, a questão climática se tornou algo tangível e impulsionou sua vontade de transformar as pessoas à sua volta, na direção de um mundo mais sustentável.


De todos os desperdícios, o de alimentos é o pior deles


Gabi escolheu como área de pesquisa e o TCC em sistemas alimentares. O Brasil ter voltado para o mapa da fome, e a segurança alimentar são coisas que a motiva a buscar soluções. Na faculdade, gostava muito de uma professora que tinha como um dos eixos de estudo, sistemas alimentares e entrou para um grupo de pesquisa fazendo a iniciação científica dentro desta área, com foco em redução de desperdício.


Sustentável na Prática - ´É conosco
@sustentavel.napratica

Percebendo que o grupo via muito a alimentação, sob a perspectiva de nutricionista, de medicina, acabava não dando tanta importância para o ponto de vista ambiental, foi aí que encontrou o diferencial de seu trabalho.


Unir ciência e meio ambiente foi algo que trouxe interesse em pesquisar e comunicar, por ser uma coisa que está muito no nosso dia a dia

Gabi nos conta que a maioria dos seus seguidores, são pessoas que fazem pelo menos uma refeição ao dia e que podem escolher o que comer. É ensinando a fazermos boas escolhas que ela coloca o seu talento de comunicadora, somado ao que aprendeu em sua área de pesquisa, ficando à vontade para dar dicas incríveis no Instagram.


Sustentável na prática


O campus da USP onde se formou fica numa área de vulnerabilidade social, que estimulou muito esse lado prático, de contribuir com a comunidade. O nome “Sustentável na Prática” surgiu durante a pandemia, um momento em que o distanciamento impedia a convivência e tudo ficava muito na teoria e ela resolveu compartilhar suas experiências.


Segundo a Gabi, a gente precisa falar sobre sustentabilidade, e mudar o modelo que a gente se acostumou a viver.


Quando saiu da faculdade, começou a perceber que só a sustentabilidade não era o suficiente e precisava alinhar isso a um outro caminho e foi pesquisar mais sobre regeneração.


Regeneração é sobre criar sistemas que curam a sociedade, culturas, ecossistemas, como a natureza

A natureza já tem esse sistema de regeneração. Está tudo ligado e pode nos inspirar a promover mudanças na nossa vida, na sociedade, com a comunidade inserida, tocando as pessoas.

Então, o papel da comunicação na promoção de práticas sustentáveis e na conscientização ambiental é abrir caminhos, mostrar possibilidades para nos transformarmos.


Precisamos nos nutrir com “Esperança Ativa”


Apesar de as vezes ficar frustrada com a falta de engajamento de algumas pessoas, Gabi se considera otimista em relação ao futuro e procura se nutrir com a “Esperança Ativa”, conceito que assimilou no livro homônimo e que busca uma reflexão sobre o que nós temos esperança de que aconteça, e a motivação para desempenharmos nosso papel no processo de fazer isso acontecer.


Para comunicar a sustentabilidade promovendo alguma mudança na audiência, é preciso tocar em algum valor da pessoa

Em seu trabalho como criadora de conteúdo, a Gabi procura uma comunicação que conecte com valores, acreditando que para alguém mudar algum hábito, é preciso tocar em algum valor pessoal dessa pessoa.


Em seus cursos e palestras, procura descobrir quais vivências a audiência tem com o tema, para então, passar a mensagem. Não adianta acharmos que existe uma fórmula para todos, cada um tem a sua motivação.


Ela gosta muito de cozinhar e gerar conteúdo de receitas, que é algo que as pessoas engajam muito nas redes sociais. Então quando faz alguma receita, no final, sempre traz algum questionamento, alguma mensagem que tem mais a ver com sustentabilidade, regeneração ou desperdício, aproveitando que naquele momento a pessoa está mais aberta para assimilar conceitos.


Aprendendo a se expor para passar a mensagem


Não parece, mas a Gabi é um pouco tímida, uma pessoa introspectiva que desde a faculdade buscou se expor, participar ativamente, por incentivo da sua mãe, levantava a mão, perguntava e fazia isso muitas vezes no desconforto, até se tornar um pouco automático e um pouco mais confortável.


Isso a ajudou a desenvolver a personagem que se expõe sem medo de julgamento nas redes sociais. Com relação a “haters”, acredita que muitas vezes o problema é que as pessoas não sabem se manifestar e acabam causando polêmicas desnecessárias.


Acredita que para a construção de novos hábitos, uma mudança de estilo de vida é preciso algo que motive, faça “virar uma chave” interna. No caso dela foi a alimentação, começou mudando hábitos alimentares foi se dando conta de outras coisas que conectava com seus valores.


Dicas da Gabi


Gabriela Marcondes - É conosco

“Quando você age conectado com seus valores, você começa a inspirar outras pessoas, você começa a entender esse poder da comunidade e do quanto a gente pode influenciar positivamente a vida dos outros”.


“É importante se juntar a outros grupos para que você não se desmotive com facilidade. Caso isso aconteça, você terá outras pessoas ali pra te relembrar o que que você está querendo fazer”.


“Embora eu fale muito sobre mudanças de comportamento individual, tudo o que ecoa no nível coletivo, de uma comunidade, impacta positivamente na sociedade".


"É preciso buscar a mobilização de todos”


 

Conheça o The Climate Reality Project Brasil, a filial brasileira do The Climate Reality Project, organização global criada pelo ex-vice-presidente e Nobel da Paz, Al Gore em 2006, com uma rede de mais de 20 mil voluntários pelo mundo, sendo quase 4 mil localizados no Brasil.

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