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Âncora 2
Âncora 1

Uma por todas e todas pelo planeta


Verdes Marias - É conosco
As irmãs Maria Carolina, Maria Clara e Mariana Moraes @verdesmarias

Elas são irreverentes, engraçadas, se divertem e fazem sucesso inspirando as pessoas a levarem uma vida mais sustentável a partir de três eixos: “Menos lixo, mais orgânicos e uma vida mais consciente”.


É conosco conversou com Mariana Moraes que com suas irmãs Maria Carolina e Maria Clara, criaram o “Verdes Marias”, uma plataforma onde compartilham suas ​descobertas testando ​iniciativas, projetos, produtos, alimentos e experiências mais sustentáveis.


Este lugar de questionar onde poderia contribuir, começou muito cedo


Mariana nos contou que desde muito pequena se interessou pelo terceiro setor, pedia para seu pai levá-la no domingo num asilo para exibir vídeos alugados na Blockbuster para umas “senhorinhas”. As idosas dormiam em 2 minutos, nem assistiam ao filme e ela pensava: “Gente, qual é a diferença que eu estou fazendo estando aqui?”.


Mariana Moraes - Verdes Marias - É conosco

Sua irmã Clara costuma dizer que Mariana nasceu querendo compensar o carbono do parto, mas o que aconteceu de verdade foi que quando sua filha nasceu, ela começou a ver os impactos que gerava e isso a incomodou muito.


Um dia sua irmã Carolina ligou dizendo que estava infeliz no trabalho, que não via nenhum propósito no que fazia. Mariana sugeriu que ela potencializasse o que sabia fazer de melhor, que era tirar boas fotos. Foi uma provocação superleve, uma coisa sutil, mas que teve reverberações porque ela ficou realmente animada e começaram a trabalhar juntas, fazendo o Verdes Marias.


Já a Clara que é jornalista, era a mais consumista das três, inicialmente relutante, gradualmente foi se modificando, se sensibilizando com a causa e encontrou-se no projeto pesquisando e redigindo textos para o site.


O grande aprendizado deste processo foi que o importante é enxergar onde está o seu potencial e é só nele que você precisa focar. O resto vai acontecendo naturalmente.


Firme no propósito


Mariana conta que as irmãs têm o Verdes Marias como um espaço onde conseguem estar juntas, se divertindo, mas ao mesmo tempo mandando uma mensagem para o mundo sobre algo em que acreditam, sem se preocupar com fórmulas, do jeito que sabem fazer.


“Temos um combinado de que a hora que deixar de ser legal, a gente para“

O projeto amadureceu muito e hoje, as irmãs têm clareza do que devem ou não devem fazer.

Um dia desses, receberam um pedido para fazer uma divulgação e havia uma questão importante para se tomar a decisão de fazer ou não, porque o produto era bem legal, sustentável e bom para o meio ambiente, mas a empresa não.

Por um lado, era preciso dar uma ignorada na empresa e isso poderia parecer “greenwashing”, mas por outro lado, havia a oportunidade de levar esse produto para muito mais gente e se a divulgação fizesse com que mais pessoas usassem esse produto, outras marcas também se interessariam em produzir algo positivo para o planeta.


“Eu acho que o equilíbrio entre a nossa crítica à empresa que está por trás do produto é a nossa grande crise”

Toda vez que são convidadas a divulgar qualquer coisa, é preciso olhar a cadeia, de onde vem, para onde vai esse produto . Elas entendem a responsabilidade que é validar uma marca ou serviço e levam essa questão muito a sério.


Mariana nos disse que fica tranquila nesse lugar, quando qualquer empresa pede uma palestra, pois elas vão levar a mensagem delas e tentar transformar as pessoas. A gente já foi à empresa de cosméticos “hardcore”, falar de plástico e aí a gente tem certeza de que é de um jeito sutil, mas estamos provocando a pessoa que produz ou está usando muita embalagem a repensar isso, a fazer de um outro jeito.


Agora, quando é para fazer a publicidade da marca, dar visibilidade para essa marca, aí não dá. A gente recebe muitos pedidos e recusa mais de 50%.


Microrrevoluções: acreditando na ação individual


Trabalhando no terceiro setor há muitos anos, com sustentabilidade praticamente desde que saiu da faculdade, Mariana entende que a capilaridade e o orçamento de uma grande empresa ou de um governo, sempre serão mais poderosos e nunca vão se comparar com a atitude de uma única pessoa.


Mas insiste que atrás dessa empresa ou governo, existem pessoas, e por isso, não importa se é só uma pessoa e parece pouco. Precisamos acreditar na ação individual.


“Se eu conseguir chegar no RH ou ter acesso à área de compras de uma empresa, posso conseguir que ela não faça compras baseada só em preço”

Precisamos cada vez mais de material, mais pesquisa, mais embasamento para provocar a ação individual.


Mariana deu um bom exemplo da força da mobilização de pessoas, contando que uns doze anos atrás, montou um grupo com 3 amigas chamado “Muda Mundo”. Se propuseram a cada uma achar um outro amigo que estivesse fazendo alguma diferença e trazer para o grupo. Na primeira reunião, tinham 4 pessoas, na segunda reunião, tinham 6 pessoas, aí teve uma reunião com 120 pessoas. Foi uma reunião histórica que tinha até gente da ONU. Uma das reuniões mais inspiradoras que já participou e que só acabou porque os vizinhos estavam reclamando do barulho, porque as pessoas estavam super empolgadas para falar, para se conectar.


Estar no lugar certo, na hora certa


Em 2022 o Verdes Marias ganhou o Prêmio Lixo Zero, porque elas falam sobre o problema que está por trás do lixo, que é o consumo.


Verdes Marias - É conosco
@verdesmarias

O lixo é o que vem depois do consumo, então é superimportante se falar de onde ele vem e não apenas para onde vai. Este modelo de sociedade em que a gente trata as pessoas como consumidoras o tempo inteiro, em vez de tratar as pessoas como indivíduos. Precisamos nos perguntar se algum dia conseguimos passar sem comprar nada, se precisamos de mais coisas dentro de casa.


Por conta do prêmio, o Verdes Maria se aproximou do Instituto Lixo Zero, passou a prestar atenção em tudo que eles faziam e percebeu que as pessoas em geral não estão preocupadas com lixo, e por isso, elas precisavam falar sobre descarte, reciclagem e tudo mais, dando uns passinhos atrás e falando sobre comprar roupa considerando comprar num brechó, sobre comprar alimento, considerando comprar a granel, ou seja, ensinando consumo consciente, mas num jeito bem prático, mostrando possibilidades, dando exemplos, pois não adianta nada falar para as pessoas usarem fralda de pano em seus filhos se você mesma não consegue adotar esta prática.


Existe vida fora do consumo


Mariana se mostra esperançosa quando fala que em um evento da Virada Sustentável, falou-se muito o quanto estão aumentando o número de praças e de parques na cidade de São Paulo. Isso aumenta a qualidade de vida da população. As famílias começam a ter alternativas para viverem e conviverem. Acredita que ainda que a passos lentos, muita gente está se movimentando na direção de uma vida fora do consumismo.


Além de conteúdo autoral para Instagram, Tiktok e Youtube e textos aprofundados no site as irmãs produzem dois podcasts: o Microrrevoluções, no qual entrevistam especialistas de diferentes áreas, e o Contos da Capivara.


Sustentabilidade é coisa de criança


Com histórias infantis trazendo entretenimento e educação ambiental com a chancela de grandes Ongs o podcast Contos da Capivara não só quer impulsionar famílias a apresentarem histórias interessantes para os seus filhos e se sentirem provocadas por meio delas, mas também provocar autores a escreverem sobre o tema.

Contos da Capivara - É conosco

Alguns dos autores convidados para criarem as histórias, nunca tinham escrito sobre temas de sustentabilidade. Então eles tiveram que parar, pensar, pesquisar... A pergunta clássica é, mas o que entra em sustentabilidade? Sobre o que eu posso falar?

Com liberdade para falar do que os motivar, pode ser sobre água, sobre natureza, até de espiritualidade.


Tem até uma história que é sobre ancestralidade, sobre tirar o sapato e andar na Terra sentindo a natureza te tocando.


Quando as histórias chegam, antes de publicar, elas colocam uma ONG em contacto com o autor para chancelar e ver se tem algum erro conceitual.


Foram oito histórias na primeira temporada do ano passado e este ano fizeram uma vaquinha no Benfeitoria, levantaram o dinheiro e lançaram mais 3 histórias muito redondinhas.


Uma delas é escrita pelas 3 irmãs, e conta a história de uma baleia que começa a ficar com dor de barriga e daí os bichinhos descobrem que tem plástico na barriga da baleia. Contou com apoio da Sea Shepherd que é uma ONG Internacional que cuida de oceano.


A segunda história é de uma menina de 11 anos que escreveu sobre a vida dela comparada com a história dos Três Porquinhos. Só que no caso dela, cada vez que chove, as pessoas perdem a casinha. Então é uma coisa muito profunda.


A terceira história é de um autor que já ganhou 2 jabutis de livro infantil e que escreveu sobre um ovo que queria ter cabelo. Percebemos que a sustentabilidade também mora nesse lugar, de que você não precisa estar o tempo inteiro contando a história da minhoca, da composteira. Então assim a gente está procurando esse caminho lúdico, que às vezes vai ser mais "torto".


Três perguntas para Mariana Moraes


É conosco – O que é a “Microrrevolução”?

Mariana Moraes – A gente fala que microrrevoluções são todas as pequenas atitudes que a gente pode tomar no dia a dia para levar uma vida mais sustentável. E o principal das microevoluções é que elas não têm tamanho. Então, o que é micro para um, pode ser parar de usar sacolinha plástica quando vai na farmácia. Para o outro, pode ser conseguir mudar a área de logística reversa da empresa, para o outro pode ser largar tudo e montar uma Eco Vila.


Então eu acho que o legal das microrrevoluções é que é a dimensão do micro, é de cada um. É. que no fundo, tudo é micro, né? Porque não tem uma bala de prata que vai resolver o mundo todo, então eu acho que micro revolução é cada pessoa se conectar com o que está fazendo.


É conosco – Quem é o público do Verdes Marias?

Mariana Moraes – Eu acho que o nosso público, não é de pessoas “convertidas” é um público de pessoas interessadas no tema. Quando a gente era menor, até tinha um público um pouco mais convertido, agora a gente sente que são pessoas que vão chegando e mandam inbox – “Me explica melhor, traduz isso aí” ... são pessoas que ainda estão tentando aprender.


Tanto que no nosso conteúdo, as vezes eu falo, “A gente ainda está falando disso, mas a gente ainda vai continuar falando de coisas básicas"... é como se a nossa meta fosse que as pessoas uma hora parassem de nos seguir porque já acharam o caminho delas, e querer seguir a gente mais pelo entretenimento, não necessariamente para aprender mais.


É conosco – Como conscientizar as pessoas sem virar um “ecochato?”

Mariana Moraes – Tenho uma história engraçada sobre isso, uma vez fui a uma festa de criança e na hora que estava chegando com os meus filhos, veio o pai correndo lá de trás e falou: “eu falei para minha mulher não colocar a bexiga, sabia que você estava vindo” ... rs. Aí eu falei: “eu não vim de fiscal, eu vim de mãe, meus filhos só vieram brincar. Eu vou tomar uma cerveja, não tenho que fiscalizar nada”.

 
Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 13 - ODS 13 - É conosco




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