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Greenhindering: surge a versão 4.0 do Greenwashing na era digital

Greenhindering - É conosco

O professor Raz Godelnik, autor de Repensando a Sustentabilidade Corporativa na Era da Crise Climática, trouxe à tona uma discussão crucial em um artigo no Medium, especialmente para aqueles preocupados com o fenômeno do greenwashing. Em sua análise, Godelnik discorreu sobre o conceito de greenhindering, ou “obstrução verde”, que merece atenção por seu impacto nas práticas sustentáveis.


O que é greenhindering?


O greenhindering pode ser definido como a glamorização e normalização de comportamentos e práticas insustentáveis, promovidos por influenciadores, mídia e formadores de opinião em geral, intencionalmente ou não. Esse processo torna ainda mais difícil eliminar hábitos prejudiciais ao meio ambiente, criando um obstáculo invisível ao progresso sustentável.


Greenhindering - É conosco

Para ilustrar o conceito, o professor Raz citou uma matéria publicada no caderno "FOOD" do NYT que tratava da tendência crescente de bebidas ultrapersonalizadas com xaropes, pedaços de frutas e muita cafeína, cuja imagem era uma modelo "cliente" segurando copos e canudos plásticos grandes e descartáveis, que pareciam "muito legais", também.


Embora possa parecer inofensivo, o greenhindering impede o avanço das ações climáticas, opondo-se diretamente ao movimento global por sustentabilidade. E o impacto desse fenômeno se torna ainda mais preocupante na era das redes sociais, onde comportamentos de consumo insustentáveis são amplamente promovidos e adotados.


A influência das redes sociais e o estímulo ao consumismo


Nunca a influência sobre hábitos de consumo foi tão poderosa quanto no cenário digital atual. Muitos influenciadores, ao invés de fomentar uma consciência ecológica, estimulam o consumismo desenfreado. Promovem, por exemplo, o “fast fashion”, produtos de beleza descartáveis e gadgets tecnológicos rapidamente obsoletos, todos contribuindo para um ciclo de consumo insustentável.


A mensagem subliminar que transmitem é clara: para pertencer a determinado grupo ou ter sucesso, é preciso consumir. Ao glorificar esse estilo de vida, eles perpetuam uma cultura de consumo que colide frontalmente com as exigências da sustentabilidade.


Greenhindering cria uma barreira psicológica


O greenhindering surge quando práticas prejudiciais ao meio ambiente são aceitas ou vistas como inevitáveis. O professor cita dois exemplos, bastante comuns: um é a crença de que a tecnologia por si só será capaz de resolver a crise climática, ignorando a necessidade urgente de mudar os padrões de consumo. O outro, é a romantização de um estilo de vida luxuoso, em que o acúmulo de bens é sinônimo de sucesso, sem considerar as consequências ambientais.


Esse comportamento não apenas distorce a percepção da crise climática, mas também cria uma barreira psicológica: quando as pessoas aceitam que esses comportamentos são normais, se sentem menos inclinadas a questioná-los ou mudá-los.


O papel dos influenciadores na formação de hábitos jovens


Influenciadores digitais desempenham um papel fundamental na formação das atitudes de consumo, principalmente entre os jovens. A busca incessante por validação social e o fascínio pelo glamour exibido nas redes sociais fazem com que muitos adotem hábitos insustentáveis, muitas vezes sem a consciência do impacto ambiental.


Em vez de promover práticas de consumo consciente, muitos influenciadores exaltam marcas e produtos sem refletir sobre as consequências. Tendências passageiras e produtos descartáveis se tornam símbolos de status, moldando uma geração que associa felicidade ao acúmulo material. Isso perpetua uma cultura de insustentabilidade, distanciando os jovens de uma compreensão crítica dos problemas ambientais.


O consumo consciente precisa se tornar o novo normal


Influenciadores com grande alcance têm a oportunidade de usar suas plataformas para educar suas audiências sobre os impactos do consumismo e a importância de práticas sustentáveis. Ao promover estilos de vida baseados na reutilização de materiais e em escolhas mais conscientes, eles podem ajudar a reverter a tendência do greenhindering.


Além disso, é necessária uma regulamentação mais rigorosa sobre como produtos e marcas são promovidos. Políticas de transparência quanto aos impactos ambientais dos produtos patrocinados podem auxiliar nesse processo. As plataformas digitais também podem desempenhar um papel ao dar maior visibilidade a criadores de conteúdo que incentivam comportamentos sustentáveis.


A educação ambiental deve ser reforçada, especialmente entre os jovens, para que eles desenvolvam uma visão crítica sobre o consumo

Promover a conscientização sobre o impacto de suas escolhas é essencial para combater o greenhindering e fomentar uma cultura de consumo mais consciente.

 


Conheça o The Climate Reality Project Brasil, a filial brasileira do The Climate Reality Project, organização global criada pelo ex-vice-presidente e Nobel da Paz, Al Gore em 2006, com uma rede de mais de 20 mil voluntários pelo mundo, sendo quase 4 mil localizados no Brasil.

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