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Âncora 2
Âncora 1

O futuro não é um lugar que existe, é um lugar que a gente constrói a partir das nossas escolhas

O futuro não é um destino imutável e pré-determinado, mas sim uma realidade que

está sendo construída a partir das nossas escolhas e ações presentes. É um lugar que é

moldado pela maneira como escolhemos agir, pensar e nos relacionar com o mundo

ao nosso redor.


É conosco conversou com a “caçadora de tendências” Sabina Deweik, com mais de 20

anos de experiência, trabalha com um foco especial na observação dos

comportamentos emergentes, fornecendo informações valiosas para as organizações,

marcas e empreendedores, ajudando-os a escolher caminhos que conduzam a futuros

mais desejáveis e sustentáveis.


Sabina Deweik: caçadora de tendências

Nos anos 2000, Sabina trouxe para o Brasil o Instituto Future Concept Lab, que foi

pioneiro na pesquisa de tendências e comportamento. Desbravando o caminho, lidou

com obstáculos e a desconfiança do “espírito da época” que não estava em linha com

sua visão de futuro sustentável.


Ao antecipar movimentos, tendências e comportamentos já naquele tempo, falava na

“sustentabilidade crucial” e percebia que o tema estava fora da estratégia das

empresas.


A sustentabilidade surgiu como tendência para um pequeno grupo pensando a frente do seu tempo


O foco, quando muito era ecologia e para piorar, relacionada a “ecochatos”. Os produtos sustentáveis tinham uma estética pobre e sem glamour.


Hoje a realidade é outra e a sustentabilidade já é vista como uma questão mais ampla, abrangendo tanto aspectos ambientais quanto sociais e econômicos. mas dependendo do setor ainda existe muito negacionismo.


O importante para as empresas era o lucro a qualquer custo. E o custo foi muito grande para a humanidade.


Por muito tempo, o foco principal das empresas era maximizar seus lucros, independentemente dos impactos que isso poderia causar à sociedade e ao meio ambiente. Esse enfoque no lucro acima de tudo resultou em graves consequências para a humanidade, incluindo a degradação ambiental, a exploração de trabalhadores, e a perpetuação de desigualdades sociais.


A consciência socioambiental tem sido cada vez mais relevante, e as empresas estão sendo obrigadas a mudar seu modelo de negócios para se adequar às novas demandas dos consumidores e ao futuro desejável para a sociedade. É importante que a mudança seja integral, abrangendo não apenas questões ambientais, mas também sociais e éticas.



A busca por lucro responsável e sustentável é a chave para construir um futuro mais desejável para todos.


A pauta ESG não vem dos hippies, vem dos capitalistas



Sim, a pauta ESG (Environmental, Social and Governance) não vem dos grupos de ativismo ambiental ou social, mas sim da própria comunidade empresarial e financeira, que começou a ver a importância de incorporar aspectos sociais e ambientais em seus modelos de negócios e na gestão de suas empresas. Estamos saindo da visão de “stake Holder” para o “share Holder”, onde o colaborador, o parceiro o fornecedor tem peso nas decisões


O impacto positivo na comunidade, saúde mental, redução de emissão de gases do efeito estufa, a economia circular, a ética e a transparência estão no guarda-chuva ESG.


Sabina menciona novas narrativas além do ESG, citando a Economia Donut, conceito elaborado pela economista Kate Raworth, onde a economia só é considerada próspera quando todas as bases sociais de todos são satisfeitas sem esgotar os recursos do planeta nem ultrapassar nenhum limite ecológico, inspirada nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS).


O surgimento das empresas do Sistema B e o Capitalismo Consciente são, entre outros, o sinais de uma nova direção.


A mudança virá por convicção ou constrangimento


A mudança é um processo gradual e as vezes, as pessoas mudam porque entendem a importância da mudança, mas outras vezes, precisam experimentar algum tipo de impacto negativo para se convencerem de que é preciso mudar. O importante é que a mudança aconteça, começando por dentro, com o autoconhecimento, e se espalhe para fora, para a cultura organizacional e, eventualmente, para a sociedade como um todo.


Flexibilização e reducitarianismo: quando menos é mais


Nos últimos anos temos tido a necessidade de flexibilização. A pandemia deixou isso muito claro na nossa relação com o trabalho acelerando futuros.


A tecnologia já existia, mas a flexibilização da vida profissional e pessoal foi implementada em caráter de urgência com o home office ou mais ainda com o anywhere office e até o “me office”.


Mas a própria flexibilidade está andando de mãos dadas com outra abordagem que podemos chamar de reducionista.


Nossas decisões avaliam a redução de tudo que não é necessário ou sustentável. De embalagens a soluções de beleza, passamos a refletir quanto recurso natural é gasto na produção do que consumimos. Na gastronomia, a redução de ingredientes ou o aproveitamento integral de alimentos entra na pauta de renomados chefs na era do consumo consciente.


Já o reducitarianismo é uma abordagem que prioriza a redução de tudo aquilo que não é considerado essencial ou sustentável, seja em relação ao consumo de recursos naturais, à produção de resíduos ou mesmo ao uso de ingredientes em receitas culinárias. É uma tendência que se fortalece cada vez mais, com a preocupação crescente da sociedade com o meio ambiente e a busca por soluções mais eficientes e sustentáveis. A mudança de hábitos e a valorização da simplicidade são elementos chave desse movimento, que tem impactos tanto na vida pessoal quanto na profissional.


Esse novo comportamento que une flexibilização com redução está gerando uma tendência alimentar que prioriza a dieta com redução de ingestão de produtos de origem animal. Sem ser vegetariana ou vegana, posso escolher comer menos carne aderindo a movimentos como segunda sem carne, evitando o sofrimento animal ou diminuindo a emissão de gases do efeito estufa da produção de gado de corte.


Inovação acontece quando a gente se desacomoda


O ser humano é um ser de hábitos com os quais a gente se acostuma. Se desacomodar requer abrir um espaço para que a inovação possa acontecer.


Hoje estamos com grandes questões ambientais que são de todos mas dão a impressão de que “não são de ninguém”.

São problemas sem dono.


A comunicação tem um papel importante nisso. O campo da criatividade nos permite desbloquear esses temas e nos motivar a sair da zona de conforto.


O reducitarianismo não deve ser comunicado como uma renúncia, mas sim como uma escolha que te conecta com essa responsabilidade.


Sociedade do Ser X Sociedade do Ter


Como seres humanos, ainda estamos em uma área nebulosa nessa questão entre o “ter” e o “ser”, mas a economia do acesso, onde aplicativos nos permitem optar por usar sem ter, nos aproximamos cada vez mais da essência do “ser” sem passar pela questão do status social.


Estamos atravessando uma ponte onde algumas pessoas ainda se agarram do lado de antigos valores, paradigmas, de ser, trabalhar e consumir, e do outro lado, o novo! E o que é novo e desconhecido, dá medo.


As empresas que não se conectarem com essa nova realidade vão ficar para traz, perderão share de mercado, relevância, reputação e estarão fadadas a morrer.


Neste momento alguém está criando uma startup, uma ideia nova que vai engolir o mercado de grandes organizações que até ontem dominavam o segmento.


Alfabetização de futuro


O Fórum Econômico Mundial detectou que uma das principais habilidades para transitar no mundo pós pandemia, é a chamada “alfabetização de futuros” (future Leaders), que é a habilidade de ler os contextos para enfrentar as mudanças e desafios do mundo moderno e futuro, que é altamente tecnológico e dinâmico. Isso inclui habilidades como pensamento crítico, resolução de problemas, criatividade, colaboração, comunicação, empreendedorismo, além de conhecimento sobre tecnologias emergentes e tendências globais.


Vivemos uma “policrise” que são múltiplas crises como recessão, guerras, pandemias acontecendo ao mesmo tempo, criando uma ação sistêmica em escala global que afeta a todos.


A solução também precisa ser uma teia colaborativa onde teceremos soluções conjuntas.


“Precisaremos aprender a evoluir não apesar do caos, mas por conta do caos.” Sabina Deweik


 




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